O fim da escuridão
Dizem, que a justiça tarda mas nunca falha...
eu discordo, respeitosamente. Não sei do resto do mundo, mas não acho
correto pagar por um crime, que não se cometeu. A punição dele foi
severa! Exilado de seu lar, de um reino cheio de glória. Obrigado então a
vagar sozinho, e sem boa parte de suas memórias na Terra. Um arcanjo
sem asas, vivendo entre os homens, cercado de pecado e dor. De guerras,
ódio e preconceitos :
Minha mente está cansada, e meu corpo
alquebrado. Meus olhos buscam respostas que talvez, no horizonte dos
homens não estejam. Minhas pernas sem forças, quase se negam a trilhar
por um caminho estéril, e sem perspectivas. Não tenho lembranças nem
sonhos, somente o vazio e a tristeza me seguem para onde vou, de cidade
para cidade, os cenários mudam, mas sinto no fundo da alma... que esse
não é meu lugar. Quem eu sou de verdade? Meu nome, minha estória, é tudo
tão cinza e opaco, apenas flashes imagens distantes. De um lugar
diferente deste, um lugar além dos sonhos e cheio do mais majestoso
poder. Mas agora a estrada em baixo de meus pés, é somente nela que
posso me apegar. Eu não tenho rumo nem casa, simplesmente caminho, e
sigo em frente de cidade para cidade de um lugar para outro. E hoje fixo
na cruel realidade, que por ironia me trouxe a um lugar inusitado. Me
deparo depois de muitas andanças com uma grande metrópole populosa, a
visão de seus titânicos arranha céus para mim é emblemática. O ser
humano parece ansiar chegar ao ponto mais alto e privilegiado que puder,
ascensão, ostentação e onipotência. Querem ser grandiosos em tudo, e
muitas vezes deixando de lado o bem mais precioso, a humildade. Mas no
fim das contas quem sou eu para julgar os outros, somente um andarilho
solitário e sem destino certo. E essa metrópole onde cheguei... como
tantas outras deveria ser somente, fria, indiferente e perigosa. Afinal,
por mais que se tente ver o lado bom das coisas, selva é sempre selva!
Mas meu coração me impulsionou até
aqui por algum motivo, e me fez enxergar esse cenário de outra forma,
como se aqui eu pudesse ter a chance dourada de obter meu perdão. E
finalmente minhas asas de volta. Meu coração fala comigo! E surpreso eu o
escuto, e baixinho ele diz que preciso encontrar algo ou alguém nesse
lugar de arranha céus; Alguém pequeno
mas de alma sofrida, porem forte e pura. Que trará fim a escuridão do
esquecimento e ao meu exílio. Agora não há mais tempo a perder, não
posso descansar até encontrá-lo, pois meu coração diz também que se por
ventura esse pequenino for a chave para o fim da escuridão, grande
perigo ele corre!
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